Rapadura: De doce a bagulho
Quando
eu era criança, rapadura tinha valor, e era vista como um maravilhoso
tipo de doce. Lembro-me que minha avó enrolava pedaços de rapadura em um
guardanapo, amassava-os com a trave, que usava para fechar a porta de
sua cozinha, e em seguida, todos
comíamos, celebrando assim, a alegria daquele momento. Lembro-me
também, que a rapadura não podia faltar na feira de um agricultor.
Atualmente,
com a ascensão social ocorrida em decorrência do governo petista (há
dez anos no poder),esse produto alimentício foi extinto do armário do
homem rural, que era quem mais o consumia. Tudo ficou mais acessível, e
doces de diversos tipos são vendidos nas bodegas, que antes, eram
conhecidas por venderem rapaduras.O declínio desta mercadoria comestível, talvez esteja associado ao novo estilo de vida dos nordestinos, ocorrido especialmente na Zona Rural. Ninguém gosta mais desse produto e ele é quase desconhecido pela nova geração. Algumas pessoas têm preconceito e discriminam a rapadura, que outrora foi extremamente apreciada pelos nossos pais e avós.
A rapadura faz parte da nossa cultura e sempre esteve presente no contexto sertanejo, é saborosa e nutritiva, já que nos faz aumentar o sangue, prevenindo-nos assim, de anemia. É lamentável que hoje, ela esteja sendo vista pela maioria das pessoas, como um bagulho, ou como algo fora de moda.
O consumidor contemporâneo não conhece, ou não reconhece este produto, porque com os avanços ocorridos, em nossa sociedade, o açúcar mascavo, em forma de pequenos tijolos, como é definida essa mercadoria, pelo dicionário Aurélio, ficou para trás, num tempo ultrapassado e distante. As pessoas mudaram, evoluíram, e não houve mais espaço para esse gênero alimentício.
A rapadura ainda é comercializada, embora esquecida até mesmo por aqueles que um dia a estimaram.
Maria do Socorro Abrantes Sarmento.
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